Aline Calixto - Tudo que sou

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O casamento musical de Rio com Minas já deu muito samba de primeira. Ary Barroso, Geraldo Pereira, Ataulfo Alves, João Bosco, Clara Nunes e Mauro Duarte estão entre os célebres bambas que fizeram a ponte entre os dois universos musicais. A mais recente revelação do samba é carioca, como Milton Nascimento, mas adotou Belo Horizonte para viver. Trata-se de Aline Calixto, cantora e compositora de 28 anos. Depois de vencer o concurso Novos Bambas do Velho Samba, do bar Carioca da Gema, em 2007, Aline fez temporada no Estrela da Lapa, ambos no recuperado centro boêmio do Rio. Na última noite da temporada, representantes de algumas gravadoras foram vê-la cantar. "A Warner foi a que apresentou a melhor proposta", diz a cantora. A gravadora, o produtor (Leandro Sapucahy, sugestão da multinacional) e dois compositores que gravou (Edu Krieger, Arlindo Cruz) são pontos de coincidência do primeiro trabalho de Aline com outra cantora, a paulista Maria Rita.

As semelhanças, porém, param aí. Na entrevista que concedeu em São Paulo, desafiada logo de cara sobre sua afinidade com o samba, Aline foi segura nas respostas. Pelo que demonstra, sabe onde está pisando, ao contrário de tantas oportunistas sem personalidade que se veem por aí. "Desde a infância sempre ouvi muita música, principalmente com meu pai: Paulinho da Viola, Roberto Carlos, Dorival Caymmi, Maria Bethânia, Cartola, Tim Maia, Gonzaguinha. Saí do Rio e fui pra Belo Horizonte, mas teve um período em que fui estudar em Viçosa, em 2000. Lá, concomitantemente com a faculdade de Geografia, comecei a fazer um trabalho com samba, com meus amigos", conta. Formaram então uma roda de samba semanal. "Criamos uma cena onde não havia nenhuma. Isso foi muito interessante, porque inclusive esse movimento que a gente criou de tocar samba toda quinta-feira foi num local muito voltado para o rock. Acabou que a coisa ficou muito diversificada e virou ponto de referência."

Lá ela já fazia releituras de grandes clássicos do samba, mas também incluía composições próprias e de novos autores. É o caso de Original (de Santão e Sandro Borges, da cidade de Rio Pombas), que abre o CD. Outros novos mineiros presentes no álbum são Rodrigo Santiago (Rainha das Águas, parceria com Douglas Couto), Toninho Geraes e Toninho Nascimento (Tudo Que Sou, primeira faixa escolhida pela gravadora para tocar nas rádios), Affonsinho (Enfeitiçado) e o sensacional Renegado (Faz o Seguinte), mais conhecido como rapper. "Renegado é um grande dialogador. Consegue estabelecer pontes muito interessantes e não só com o samba", diz.

Já em Belo Horizonte, Aline participou de um projeto, em parceria com a empresária Danusa Carvalho, que tinha como convidados Monarco, Nelson Sargento e Luiz Carlos da Vila. Então, é com certa naturalidade que os dois primeiros dividem os vocais com ela, Wilson Moreira e Walter Alfaiate, na faixa de encerramento do álbum, Uma Só Voz (Edu Krieger, de quem também gravou Saber Ganhar).

Para ela, samba é samba, sem fazer tanta distinção entre o carioca e o mineiro. "No caso do meu trabalho, o que eu priorizo são as harmonias, porque a gente tem uma escola mineira muito forte, reconhecida mundialmente. Toninho Horta é fabuloso", exemplifica. "Mas, no geral, não consigo classificar muito as diferenças do samba."

Ela que sempre ouviu cantoras como Clara Nunes e Elis Regina, diz que tem uma especial admiração por Maria Bethânia: "Ela consegue ser doce, com uma música forte, densa, gosto disso." Aline não necessariamente se espelha nelas, mas tem um característica comum a essas divas que a difere da maioria de suas contemporâneas: tem presença cênica, convicção e intensidade na voz. "Procuro interpretar a verdade no que eu canto. Acredito em tudo o que está aqui neste disco. E no palco eu me entrego mesmo. Tem de suar."

Texto de Lauro Lisboa Garcia

Fonte:http://www.estadao.com.br


TUDO QUE SOU
(Toninho Geraes/Toninho Nascimento)

Nada de ser mais ou menos
Eu sou sempre tudo o que sou
Não sou de pegar
sereno
Eu me molho é na chuva de amor
Quando vou e quando venho
Me pego com
Nosso Senhor
Mas no terreiro também tenho
Um santo como protetor

É preciso viver, pra saber separar
O que é que se pode dizer
Do que é
preciso calar
O que é sempre comum
Do que nunca vai se misturar
Qual a prata
de Oxum e qual é a de Iemanjá

Tem sempre a hora da gente ter aonde ir
Ou
cair fora sem ninguém pedir
Quem sabe de si não demora
E só fica onde tem que
ficar
Se eu tô aqui ‘té agora
É porque ninguém quis me levar
Nada de ser
mais ou menos
Eu sou sempre tudo o que sou
Não sou de pegar sereno
Eu me
molho é na chuva de amor
Quando vou e quando venho
Me pego com Nosso
Senhor
Mas no terreiro também tenho
Um santo como protetor
É preciso unir,
pra saber separar
O que é que se pode medir
Do que é preciso pesar
O que é
sempre o que é
Do que nunca vai se revelar
Qual a concha da fé
E qual é que
não dá pra rezar
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